Amigos visitantes a última mensagem deste blogue levou-me a
esta entrevista, como posso divulgá-la decidi então partilhá-la com vocês. Quem
nunca ouviu falar de Espiritismo ou ainda não se tinha debruçado sobre o mesmo é capaz de começar a
perceber que seu conteúdo é tão vasto e no entanto é como se( várias
linhas, neste caso saberes, convergem para o centro da circunferência, neste
caso o Espiritismo a nortear) ; interessante; falando de simbologia, o círculo e o centro
surgem como instrumento de medição astrológica e do relógio do sol, na
realidade tudo o que é criado tem seu centro e por toda a parte os centros
recriam-se uns aos outros. O um é sempre o centro e sem ele nada mais existe.
Continuando, por ser tão vasto o seu
conteúdo doutrinário é que quem dele se acerca tem inevitavelmente de estudar muito,
abrir sua mente a um universo de ideias muito alargadas e nada lineares
encontrando dificuldades de compreensão e vivência de acordo com sua evolução psíquica e a sua
inserção social.
E há que ter em consideração que o despertar
da ciência para uma afirmativa desobstruída é muito recente.
CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
http://www.cvdee.org.br
Entrevista Virtual
Entrevistado(a): Adenauer Novaes
Tema: O psiquismo humano e a mediunidade
Num. Questões: 33
Nota: O conteúdo das respostas é de inteira responsabilidade do autor,
cabendo ao CVDEE o papel de divulgação e incentivo ao estudo da Doutrina
Espírita.
Obs: A entrevista pode ser divulgada livremente em outros meios de
comunicação, sendo obrigatória a citação da fonte.
Questão 1
Existe
relação entre as pessoas que possuem DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) e a
Mediunidade?
Resposta: O Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) com ou sem
Hiper-atividade (TDAH) não está relacionado com a mediunidade. O sintoma
principal, em ambos os casos, é a dificuldade em se concentrar ou focar um
objeto específico na atenção. A consciência se volta para um novo objeto quando
cessa o interesse pelo anterior. Há uma alternância de interesses, prejudicando
o grau de concentração do indivíduo. Com hiper-atividade, aparece outro sintoma
que é a aceleração psicomotora, denunciando ainda mais a dificuldade de
concentração. O transtorno costuma aparecer na infância, dificultando a
aprendizagem e a
sociabilidade. No adulto,
dentre outros prejuízos, dificulta seu interesse e definição profissional. A
dificuldade de concentração com alterações psicomotoras também podem ser
observada na depressão sem serem TDAH ou provocadas pela mediunidade. A mediunidade é uma faculdade que
proporciona ao indivíduo um grau maior de interação com o espiritual, não
promovendo diretamente e necessariamente qualquer sintoma que se assemelhe a um
transtorno psíquico. Por vezes, a obsessão espiritual pode, em casos
específicos, promover alterações na personalidade do indivíduo, dificultando a
concentração e provocando aceleração motora, típicas do TDAH. A diferença
estará em outros
sintomas associados à
obsessão que não deixam dúvidas, tais como: alterações no sono, confusão
mental, irritabilidade, etc.
Questão 2
O que
realmente significa psiquismo e qual sua relação com a mediunidade ostensiva?
Resposta: O termo psiquismo significa mente ou aparelho
psíquico. É uma designação comum em psicologia que se refere ao conjunto das funções
psíquicas, englobando tudo que se refere à subjetividade e a motivação. Em
termos espíritas, é um órgão funcional do perispírito que possui, além de
outras, a função de ordenar as emoções, pensamentos e idéias. Desempenha
importantes funções ligadas à cognição e ao comando da vida relacional. A
mediunidade é o meio de comunicação
interdimensional de que se servem os espíritos encarnados e desencarnados.
Quando ostensiva, apresenta inequívocas demonstrações de veracidade no que
apresenta. A mediunidade necessariamente decorre da existência do psiquismo,
pois, é através da mente que os fenômenos mediúnicos se dão. Mentes distintas
operam fluidos para a ocorrência da comunicação mediúnica. O psiquismo, ou
mente, é imprescindível à ocorrência do fenômeno mediúnico. Quando digo mente,
não me refiro exclusivamente à do desencarnado. O
conhecimento adequado do
funcionamento da mente humano proporcionará melhor compreensão ao fenômeno
mediúnico. Não existem fenômenos mediúnicos sem a utilização da mente. Não são
excludentes os fenômenos psíquicos dos mediúnicos.
Questão 3
O psiquismo pode dominar a mediunidade, mas a mediunidade pode dominar o
psiquismo?
Resposta: A mediunidade é
uma faculdade e o psiquismo é um aparelho. A relação de domínio pressupõe
hierarquização. A mediunidade ocorre por via do psiquismo, portanto não se pode
falar em domínio. O domínio do fenômeno mediúnico é feito pelo espírito, quer
encarnado ou desencarnado. Pode-se falar em domínio do fenômeno pelo eu, que é
uma função psíquica. Mesmo assim, muitas vezes, ocorre de forma inconsciente,
portanto, à revelia do eu. O psiquismo não é uma personalidade autônoma, sendo
apenas um aparelho de comunicação entre o Espírito, princípio inteligente, e o
mundo externo.
Questão 4
Seria o
psiquismo a base para que o fenômeno mediúnico se exteriorize (tome forma) no
mundo físico?
Resposta: Creio que sim. O
psiquismo do espírito favorece a ocorrência do fenômeno mediúnico. Sua mente,
aliada a outra mente, por via dos fluidos, proporciona os fenômenos mediúnicos.
Questão 5
A
mediunidade pode contribuir para evoluir ou aprimorar nosso psiquismo?
Resposta: Defendo a tese de que o psiquismo se aprimora para
melhor servir ao Espírito. Esse aprimoramento é automático, de acordo com a
evolução do eu e com uma certa ressonância coletiva. O exercício da mediunidade
permite a flexibilidade desse mesmo psiquismo. Ele se torna mais flexível e
melhor aprimorado para a exteriorização das capacidades do Espírito. A
mediunidade, institucional ou não, é uma aquisição evolutiva e sua utilização é
uma dos vetores que impulsionam o desenvolvimento psíquico humano.
Questão 6
Doentes
mentais que assim estão devido a obsessões, estariam com o psiquismo em
desarmonia consigo mesmos e incompatibilidade com a mediunidade do doente?
Resposta: A doença mental
apresenta um espectro muito variado de causas e de manifestações. Existem
aquelas que, mesmo provocadas por obsessão espiritual, contém sua psicogênese
no psiquismo do encarnado. Nos casos em que a interferência espiritual é causa
ou conseqüência, a mediunidade estará sendo um meio facilitador. O psiquismo em
desarmonia significa o espírito em desequilíbrio, portanto a causa estará
sempre na personalidade e não necessariamente no aparelho psíquico. A
desarmonia do aparelho psíquico é conseqüência e não causa. A mediunidade, na
doença mental, pode ser prejudicial, pois tende a facilitar o acesso ao
inconsciente. Em muitos casos, melhor seria bloqueá-la, até que haja equilíbrio
psíquico para educá-la.
Questão 7
Como
podemos harmonizar o nosso psiquismo com a nossa mediunidade?
Resposta: A harmonização
psíquica é importante aquisição da pessoa, pois nada mais salutar do que a paz
íntima. A mediunidade é uma faculdade muito antiga no ser humano, porém pouco
ou só recentemente estudada.
O Espiritismo colocou a mediunidade como objeto de estudo científico e a
dignificou com seu uso voltado para a caridade. A mediunidade é parte de nossa
atividade psíquica, pois, via de regra, estamos pensando com espíritos
desencarnados, embora acreditando que estamos sozinhos. Seria oportuno que estudássemos mais e praticássemos
mais a mediunidade. Ela pode ser muito útil na vida cotidiana. Seu uso
institucional, no Centro Espírita, é um avanço, mas também pode ser utilizada
na vida prática.
Considerar-se em contato constante com outras mentes, de encarnados e de
desencarnados, sem se sentir por isso pressionado, pode ser útil ao ser humano.
A
mediunidade é um poderoso mecanismo de comunicação com o universo espiritual a
nossa volta. Usá-la em
benefício da própria evolução e no auxílio a terceiros, é a melhor maneira de
contribuir para a harmonia interior.
Questão 8
É a
mediunidade que se torna incompatível ao psiquismo ou é o psiquismo que se
torna incompatível à mediunidade?
Resposta: A mediunidade é
uma faculdade psíquica. Não há incompatibilidade entre a mediunidade e o
psiquismo. O que pode ser incompatível é a comunicação entre seres distintos,
por conta das afinidades e de condições vibratórias inadequadas. Um espírito
desencarnado poderá se comunicar com determinado médium encarnado por conta de
ambos terem aparelhos psíquicos capazes para tal.
A comunicação poderá não se dar por estarem em distintas vibrações,
mesmo tendo aparelhos psíquicos que lhes permitiriam isso. O estado psíquico e
não o aparelho psíquico é que determinará a possibilidade da comunicação. O
estado psíquico é resultante das condições íntimas do Espírito e de seu nível
de evolução.
Questão 9
Como
entender a questão do animismo e ter a convicção de que em uma mensagem
recebida tem de fato o conteúdo do espírito desencarnado?
Resposta: O animismo está
sempre presente no fenômeno mediúnico de efeitos inteligentes. O processo de
exteriorização conta sempre com conteúdos psíquicos do médium. Impossível a não
utilização da mente do médium na comunicação. Os conteúdos dos espíritos
desencarnados são formatados no aparelho psíquico do médium, apresentando
construções típicas dele. O ineditismo da mensagem, a precisão de informações
confirmáveis por quem conhecia o encarnado, a linguagem
característica do espírito comunicante quando encarnado, o tipo de
interesse do médium, além dos objetivos da mensagem, podem dar pistas a quem
queira comprovações. As mensagens de elevado teor moral não servem de comprovação
para tal, pois tanto podem ser provenientes do encarnado quanto de
desencarnados.
Melhor sempre, em casos que se deseje comprovação, duvidar.
Questão 10
O
inconsciente, que o padre Quevedo prega, tem o poder que ele prega de captar
tudo 200 anos no passado e no futuro, e com isso negar a mediunidade?
Resposta: As teorias sobre o inconsciente não negam a
mediunidade. Não se pode, por outro lado, tudo creditar a influência os
espíritos. A mente humana é pouco conhecida e só percebida pelos seus efeitos.
Não se pode também desprezar as comunicações telepáticas ou que ocorrem na
mesma freqüência vibratória. Acresce ainda a possibilidade de que, os conteúdos
de comunicações ditas mediúnicas, serem trazidas pelo próprio indivíduo que a
viveu no passado e, hoje, é o próprio médium que assim acredita sê-lo. Isso não
invalida a existência da mediunidade e da
imortalidade do espírito. Dá-se excessivo valor a quem nega a mediunidade, em
detrimento dos estudos que afirmam o contrário. As teorias psicológicas a
respeito do inconsciente são muito robustas e não se preocupam em negar a
mediunidade, mas em afirmar como funciona o aparelho psíquico.
Questão 11
Por que,
para a maioria das pessoas, é tão difícil (e mesmo impossível) colocar em
prática na existência terrena aquilo que foi programado por ela mesma no plano
espiritual? Conheço médiuns que estão fracassando e mesmo recusando-se a
cumprir a sua tarefa mediúnica - semelhante ao narrado por André Luiz no livro de
sua autoria "Os Mensageiros" psicografado por Chico Xavier. Essas
pessoas estão sendo avisadas pela espiritualidade, têm consciência de que estão
agindo contra a sua programação e, mesmo assim, persistem no erro. Um desses
médiuns que conheço é médico, tem PhD, criado em uma família espírita e sofre
de Transtorno de Personalidade Narcisista em grau bem elevado. Ele tem plena
consciência do que ocorre com ele, bem como das conseqüências presentes e
futuras de suas ações. Recusa-se terminantemente a se tratar e gosta da vida
fútil, mesquinha, superficial, mentirosa, imoral, pervertida e devassa - cheia de ódio e inveja
- que leva. Como ficará (provavelmente) a situação dessa criatura após o
desencarne, se o fim inexorável do narcisista é a auto destruição? O que ainda
pode ser feito aqui no plano terreno por ela?
Resposta: O planejamento reencarnatório é um eficiente
instrumento de auxílio ao espírito em sua jornada evolutiva. Serve-lhe de
baliza e de lembrança de um planejamento que lhe poderá ser útil, cuja
obediência aumentará suas chances para o sucesso que pretende alcançar. O
planejamento não deve se visto como um determinismo. É uma possibilidade, isto
é, uma estratégia dentre muitas. O livre arbítrio é soberano ao espírito.
Cumprir ou não cumprir responsabilidades implica em escolhas, cujas
conseqüências resultantes deverão ser analisadas de forma ponderada. A
consciência do indivíduo não estará sujeita uma instância de julgamento que o
culpe pelas escolhas diferentes da que se planejou. Ele próprio é seu juiz, de
acordo com as leis de Deus. A pessoa citada, cujas escolhas parecem
equivocadas, poderá ter um destino promissor, dependendo do significado que
atribui ao que faz hoje. Os atos externos podem não espelhar a realidade do ser
que assim age. Cito o exemplo de Buda e Francisco de Assis, cujas atitudes
antes das conversões, da mesma forma que Paulo de Tarso, eram condenáveis sob
todos os aspectos. Talvez o narcisismo dele necessite ser esgotado, para que
tenha uma melhor visão do ser espiritual que ele próprio é.
Devemos buscar ter um
olhar amoroso sobre o mal do outro. O melhor a fazer por essa pessoa é amá-la,
escutá-la e oferecer a nossa paciência.
Questão 12
Possuo
problemas para me comunicar. Às vezes, converso normalmente com as pessoas.
Mas, outras vezes parece que meus pensamentos fogem e não sinto vontade de
falar com ninguém. Sinto-me muito mal por causa disso. Já estive pensando que
pode ser da minha criação, pois não há diálogo na minha casa.
Sinto-me
fraca. Por que está acontecendo isso, você tem uma sugestão para o meu
problema? Já pensei em fazer regressão. Tenho 16 anos, nasci dia 30 de Outubro.
Resposta: A adolescência é
uma fase que se caracteriza por mudanças nas várias dimensões da vida. É também
durante essa fase que o processo reencarnatório se consolida. O espírito
reencarnante assume de vez sua nova personalidade. Agora, em novo ambiente,
enfrentará os desafios naturais da jornada que iniciou. Terá dúvidas, medos e
indecisões, mas terá capacidades que desconhece, a fim de fazer face aos novos
desafios. Parece-me que o que se passa com você se assemelha à timidez dos
indecisos e inseguros. Não creio que isso se deva apenas à sua criação. Você
também é responsável por essa forma de ser. Reaja e perca o medo de enfrentar
aquilo que você desconhece ou teme. Saia do casulo e enfrente as críticas
externas. Não creio que haja necessidade de fazer regressão de memória. Na sua
idade é preciso olhar para o presente e para o futuro. Não queira olhar para o
passado.
Questão 13
Em termos
práticos, o que acontece à psique humana quando da eclosão da mediunidade? Como
deve o ser se dirigir para distinguir positivamente as impressões causadas
pelos irmãos desencarnados?
Resposta: Quando a mediunidade se torna mais ostensiva e seus
sintomas assumem a consciência, pois o inconsciente se abre de forma mais
intensa. A psiquê inconsciente parece cooptar a consciente. O indivíduo se
torna mais suscetível às influências diretas do próprio inconsciente. Há uma
espécie de alquimia entre os conteúdos conscientes e os inconscientes,
promovendo certa confusão mental. O estado de perturbação é compreensível,
merecendo atenção do encarnado. Excetuando-se os casos patológicos e quando a
eclosão se dá pela ação obsessiva de desencarnados, costuma provocar uma certa
excitação agradável. Parece ao encarnado que ele está possuído por uma força
interior que o anima e o estimula com idéias diferentes e inusitadas. A
distinção entre os pensamentos e idéias próprias daquelas oriundas de outras
mentes, dá-se na medida em que a pessoa se conhece e percebe a ocorrência. São
idéias intrusivas, inusitadas e, por vezes, anacrônicas, que surgem como um
relâmpago em sua consciência. Inicialmente a distinção é difícil, mas, com a
freqüência da ocorrência e a atenção
voltada para o fenômeno, torna-se mais fácil. O estudo da mediunidade será de
extrema importância e utilidade para que a distinção possa ser feita.
Questão 14
Até que
ponto, um médium tido como equilibrado, interfere em uma comunicação?
No caso
específico o médium tinha consciência dos fatos, conhecia o espírito
comunicante quando vivo. Ocorre que o médium "ficou" inconsciente
durante o comunicado. Daí a dúvida quanto ao direcionamento que a mente pode ou
não conduzir. Teria a espiritualidade o total domínio da situação para que o comunicado
fosse o mais fiel possível?
Resposta: A interferência na comunicação mediúnica pode
ocorrer pela intenção do médium ou não. Quando há intenção do médium chamamos
de fraude. Quando não há intenção do médium, chamamos de animismo. Esta última
modalidade é parte integrante do fenômeno mediúnico. Então não o médium que
deseja interferir, mas seu inconsciente é acionado para produção dos conteúdos
de suas comunicações.
Essa interferência se
apresenta sobre distintos graus e matizes, desde a simples interferência na
formulação das idéias até na construção de fatos pertencentes ao seu próprio
inconsciente. Isso não invalida a existência do fenômeno mediúnico, apenas o torna
menos autêntico. Quando se diz que o médium está inconsciente durante a
produção do fenômeno, não quer dizer que seu inconsciente dele não participe. A
inconsciência é do ego e não há bloqueio dos conteúdos inconscientes. O fato do
médium ter conhecido o espírito comunicante facilita a produção de idéias e
fatos. Isso interfere na autenticidade da comunicação. Seria melhor
que o espírito comunicante, nesses casos, apresentasse informações de total
desconhecimento do médium para melhor autenticar sua mensagem. A
“espiritualidade” não possui esse domínio, tendo em vista a intimidade do
fenômeno e o livre arbítrio dos envolvidos.
Questão15
O que
fazer quando a mediunidade eclode em nosso ser, e temos necessidade de
compartilhar com algum médium mais experiente nossas impressões a respeito? E
quando não há este médium, esta pessoa a qual possamos trocar tais impressões,
em nossa Casa Espírita, por "N" motivos?
Resposta: É salutar o
compartilhamento de impressões mediúnicas, mesmo
considerando que o fenômeno ocorre de forma singular para cada pessoa. O
estudo em grupo, mesmo entre iniciantes favorecerá a compreensão do que se
passa com cada um. O melhor a fazer, nos casos em que não haja alguém mais
experiente e, mesmo nessa condição, é estudar com determinação as obras de
Allan Kardec, sobretudo O Livro dos Médiuns. A orientação vinda de uma única
pessoa na Casa Espírita, embora possa ser salutar, enviesará o conhecimento do
grupo. Todos devem estudar e buscar a universalidade do ensino, aprendendo de fontes
distintas a respeito da mediunidade.
Questão 16
O
equilíbrio humano está diretamente ligado a seu conceito de felicidade e esta
percepção de valor de felicidade é um atributo puramente individual.
Considerando
que em nosso estágio evolutivo, é praticamente impossível se alcançar o estado
de felicidade absoluta e o sofrimento meio imprescindível de crescimento, não
seria um fator de desequilíbrio a constatação de que o ser humano só é capaz de
usufruir de estados de felicidade relativa?
Resposta: A felicidade é um conceito abstrato que atrai todos
em sua direção. Ela pertence às instâncias superiores da psiquê que apontam
para o divino. O Espírito a almeja de forma singular, de acordo com suas
experiências e com o meio em que se situa. A felicidade não é um fim em si, mas
um estado, portanto alcançável a todos. Não é factível que se alcance a
felicidade absoluta, pois esta última é uma espécie de sofisma. Nada é absoluto
a não ser Deus, portanto não há felicidade absoluta. A afirmação de que o sofrimento
é o “meio imprescindível de crescimento” é um grande equívoco indutor de atraso
espiritual e fomentador de culpa. Não é o sofrimento que eleva o espírito, mas o
sacrifício (sacrifício = sacro ofício = trabalho). O sofrimento pode trazer
revolta e paralisia ao espírito. Não há felicidade absoluta, portanto toda
felicidade é relativa. Ou melhor, toda felicidade é felicidade. A felicidade
deve ser buscada como estado e não como fim. Os meios devem também proporcionar
crescimento ao espírito, não agredindo a ninguém, nem escravizando a alma.
Pequenas conquistas
materiais, com administração competente do que se tem, proporcionarão
felicidade ao indivíduo, não merecendo condenação. Outras conquistas morais
também trarão idêntico estado de felicidade quando não induzem o indivíduo ao
isolamento de seus semelhantes.
Questão 17
Como neutralizar o animismo nas comunicações mediúnicas recebidas? Mesmo sendo médium psicógrafo ou psicofônico, estamos envolvidos em fluidos deletérios, por estarmos inseridos em um mundo de provas e expiações, sabendo que o estudo e o trabalho na seara espírita ajuda e muito nesta neutralização, dias há que estamos sobrecarregados com os problemas corriqueiros, pessoais, etc. Como fazer para que as manifestações de nosso espírito, não comprometa as comunicações?
Resposta:
Muito embora o animismo faça parte das comunicações mediúnicas, sua incidência pode ser minorada na medida em que o médium se dedique ao estudo da mediunidade, ao processo de autoconhecimento e à disciplina em seu exercício mediúnico. Por outro lado, seria importante que os médiuns fomentassem nas casas espíritas em que laboram, a instalação de grupos de ajuda mútua, conduzido por pessoas experientes, com o intuito de tratar de questões suas, na tentativa de reduzir influências de seus problemas pessoais sobre o trabalho mediúnico. O trabalhador espírita não pode prescindir de solucionar seus conflitos íntimos para que eles não interfiram em sua produção mediúnica. Não é apenas o exercício mediúnico que eleva a criatura, mas sua apropriação e internalização pelo médium.
Questão 18
Qual o tipo de mediunidade de Joanna D´arc?
Resposta:
Joanna D`Arc revelava ser portadora, principalmente, da mediunidade de audiência, pois, ao que me consta, ouvia vozes que lhe revelavam informações sobre o destino da França. Geralmente a mediunidade não vem resumida a um único tipo. Frequentemente, o médium, quando resolve dedicar-se ao exercício da mediunidade vai descobrindo ser portador de outras possibilidades de transmissão do que vem do mundo espiritual. A mediunidade é uma faculdade perispiritual que apresenta um variado espectro de possibilidades que vão se apresentando na medida em que é exercitada.
Questão 19
Até que ponto os registros do passado no psiquismo humano influenciam em nossas atitudes sem que possamos tomar conhecimento, cometendo erros?
Resposta: As experiências pregressas, gravadas no perispírito, interferem subliminarmente nas emoções, pensamentos e atos humanos. Os erros cometidos interferem tanto quanto os acertos. Não são os erros do passado que provocam novos erros. Novos erros são cometidos por conta da ignorância em que ainda nos encontramos. A educação na presente encarnação, os exemplos percebidos, o trabalho em favor do bem pessoal e coletivo, a busca pelo aprimoramento e crescimento pessoal, são fatores que contribuem para que não cometamos mais erros. Todo passado humano é revestido de ignorância e esta não deve conduzir à culpa. Devemos ressignificar( termo usado em psicanálise) aquilo que temos consciência que fizemos de errado, perdoando-nos e não fazendo mais.
Questão 20
O inconsciente coletivo de Jung soluciona todos os enigmas da mediunidade, como querem os materialistas ou adversários do Espiritismo?
Resposta:
O Inconsciente Coletivo é uma instância psíquica que contém os vetores do comportamento humano, que ensejam tendências comuns. Jung coloca que o inconsciente coletivo contém os arquétipos, que são estruturas psíquicas determinantes do comportamento humano. Não soluciona nenhum enigma, nem é um reservatório que tudo explica. Quem assim pensa ou fala não conhece a Psicologia Analítica de Jung. A mediunidade é uma faculdade pouco conhecida e pouco estuda no espiritismo. Muito se fala, mas pouco se pesquisa. Muitas mensagens e escritos sobre a mediunidade são quase que transcrições dos clássicos livros de Allan Kardec. É preciso avançar mais sobre a mediunidade.
Não se deve preocupar com os detratores do espiritismo. Eles vão e voltam.
Alimentam-se da nossa ignorância quanto ao que condenam. A Psicologia é a ciência do comportamento humano, cujo objeto de estudo é muito bem definido.
Ela não se ocupa em estudar a mediunidade. Esta é objeto de estudo do espiritismo. Ao invés de responder aos detratores cuidemos de investigar a mediunidade como a faculdade mais nobre do ser humano.
Questão 21
A telepatia se dá em quais níveis? Inconsciente ou consciente? Ou os dois? O telepata "pega" informações do inconsciente?
Resposta:
A consciência da ocorrência de um fenômeno é algo relativo.
Consciência, enquanto instância psíquica, contém aquilo que o ego coloca luz. Inconsciente, outra instância psíquica, possui conteúdos que não tem energia suficiente para assumir a consciência. A comunicação entre mentes se dá em níveis não conscientes, pois se dá de perispírito a perispírito. Quando duas mentes vibram na mesma freqüência é possível a passagem de conteúdos entre elas. A telepatia ocorre, por esse motivo, no nível inconsciente.
Questão 22
O Super-esp, uma mistura de telepatia, clarividência e precognição, que cientistas americanos acreditam, respondem realmente todos os fenômenos mediúnicos, como meros fenômenos materiais?
Resposta:
As pesquisas de Joseph B. Rhine em torno da Percepção Extra Sensorial (ESP) revelaram que a mente humana, através do cérebro, é capaz de absorver informações fora do domínio da consciência, portanto do tempo e do espaço. As pesquisas não avançaram para o terreno da mediunidade, permanecendo nas capacidades psíquicas anímicas. Através da mente, pode-se, de acordo com as pesquisas de Rhine, apreender informações rudimentares sobre eventos passados e futuros. Tais pesquisas não respondem tudo e nada descortinou a respeito da mediunidade. Não se pode explicar pelas vias sensoriais o que é do domínio do espírito.
Questão 23
Há alguma relação entre epífise, psiquê e mediunidade? Quais?
Resposta:
A epífise é uma pequena estrutura cerebral, cujas funções são pouco conhecidas da medicina. Recentes descobertas estão associando-a a funções de natureza psíquica. Afirma-se que a comunicação entre o cérebro e a mente, enquanto função do perispírito, se dá através da epífise ou pineal. Já a mediunidade é a faculdade que permite seres de dimensões distintas se comunicarem através do perispírito. Epífise é uma estrutura cerebral, pouco conhecida em suas funções; psiquê é uma estrutura perispiritual de que se serve o Espírito para atuar no mundo material e espiritual; e mediunidade é a faculdade que permite ao espírito comunicar-se com seres de outras dimensões existenciais.
Questão 24
Léon Denis, no livro "Cristianismo e Espiritismo", página 186, diz: "(...) o inconsciente não é mais que uma forma da memória, um despertar em nós de lembranças, de faculdades, de capacidades adormecidas.". Com isso, inconsciente não tem nada com a precognição ou ele não pode também dar uma qualidade para um semi-analfabeto escrever como Castro Alves, como os parapsicólogos acreditam?
Este pensamento está correto?
Resposta:
Leon Denis, no trecho acima escrito, cita afirmação de Charles Richet, provavelmente feita no final do século XIX ou início do XX. A essa época pouco se sabia a respeito do inconsciente, enquanto instância psíquica.
Quem não entendia de espiritismo, creditava tudo ao inconsciente, o qual também não era suficientemente conhecido. As teorias sobre o inconsciente, principalmente a de C. G. Jung não visam atingir a mediunidade ou a precognição. As teorias a respeito do inconsciente não se contrapõem ao espiritismo. A precognição é explicável pelas potencialidades atribuídas à psiquê, isto é, ao Aparelho Psíquico como um todo. Um semi-analfabeto pode escrever tão bem ou melhor que Castro Alves e isso poderá ter explicação no inconsciente perispiritual, isto é, ele poderá ter aquela competência em experiências de vidas passadas, adquiridas nas várias encarnações e gravadas no
inconsciente. O mesmo resultado poderá ser obtido de forma mediúnica, caso a competência do próprio Castro Alves, em espírito, poderá vir a ser utilizada através de um médium. Embora não tenha sido semi-analfabeto, Chico Xavier psicografou divinamente Castro Alves. O inconsciente não é explicação para os fenômenos, muito embora dele participe, nem é tampouco apenas uma forma de memória de experiências pregressas. É também uma instância da personalidade humana.
Questão 25
Qual é a visão espírita da "síndrome de Jerusalém", aquela em que pessoas ao chegarem nesta cidade passam a pensar que são o messias ou um dos profetas?
Obsessão coletiva? Formas-pensamentos? Mediunidade distorcida? Ou apenas doença mental?
Resposta:
Não conhecia tal síndrome. Quando pessoas se identificam com
personagens do passado, sem realmente serem suas encarnações, ocorre um processo de “assunção da persona”. A persona é um arquétipo que possibilita a psiquê se moldar a um tipo de apresentação no mundo. As pessoas pensam ter sido aquele determinado personagem se condicionam pelo local, pelo motivo pelo qual ali estão e pela fé. Entram numa espécie de transe não mediúnico. Não se trata portanto de obsessão espiritual nem doença mental, mas de um fenômeno anímico.
Não se pode descartar, em certos casos, a possibilidade de obsessão por fascinação quando outros sintomas estiverem presentes.
Questão 26
A depressão e a loucura podem estar ligadas a uma mediunidade que não é trabalhada ou cuidada? Como distinguir se é um processo mediúnico ou psíquico?
Resposta: A depressão e a loucura não podem ser colocadas como se fossem a mesma coisa. Depressão é falta de vontade de enfrentar a própria vida. Loucura é um termo genérico, em desuso, para classificar portadores de doença mental grave. A depressão não guarda relação direta com mediunidade. Certos transtornos psíquicos, principalmente as psicoses, guardam estreita relação com a mediunidade pela ocorrência da obsessão. A mediunidade não é causa de afecções psíquicas, mas pode ser um meio pelo qual a obsessão poderá ocorrer.
Os processos mediúnicos estão intimamente ligados aos psíquicos, pois a mediunidade ocorre através do aparelho psíquico humano. Quando a mediunidade não é devidamente educada pela pessoa, poderá lhe trazer problemas psicológicos por causa da ignorância de seu portador.
Questão 27
Qual a relação entre sonhos, mediunidade e psiquê humana?
Resposta:
Os sonhos ocorrem quando o ego se encontra ausente, isto é, num estado de consciência adormecida. Eles vêm do inconsciente. Tratam de processos daquele que deles se lembra. Todas as pessoas sonham, porém nem sempre lembram de seus sonhos. Muitas vezes eles refletem ocorrências do espírito durante o sono, outras são resultantes de processos psicológicos inconscientes. Os sonhos ocorrem graças a um mecanismo automático da psiquê que tenta compensar as tensões entre a consciência e o inconsciente. A mediunidade é uma faculdade perispiritual que permite a comunicação entre espíritos que se encontram em dimensões diferentes. Sonhar constantemente com mortos é um tipo de mediunidade.
Questão 28
Muito se tem falado ultimamente nas casas espíritas do interior do estado de SP sobre o desdobramento perispiritual através das técnicas da Apometria e a possibilidade do tratamento psíquico. Teria muito animismo nessa abordagem?
Como o Sr. entende essa questão?
Resposta:
Animismo ou não a apometria traz benefícios para quem a ela se submete. Ela é utilizada no tratamento das obsessões, utilizando-se do desdobramento espiritual. É mais uma das formas de se tratar a obsessão. A técnica deve ser melhor estudada e aplicada nas casas espíritas. Devemos entender que a apometria não se sobrepõe a outras técnicas. O mais importante é o objetivo da cura.
Questão 29
No caso de obsessão, qual e influência dos remédios alopáticos na cura do paciente?
Resposta:
Remédios para tratamento de afecções psíquicas de causas psicogênicas ou de causas espirituais, não curam. Em muitos causos os remédios alopáticos são imprescindíveis, dependendo do estado geral do paciente. Nos casos das psicoses, esquizofrenias e ansiedade, eles são indispensáveis. Sempre que o sofrimento do paciente possa ser aliviado pela medicação, ela deve ser prescrita. Nos casos de tendências suicidas eles funcionam como redutores da excitação para aquela ação. Nas obsessões por fascinação e subjugação os remédios alopáticos são importantes para permitir o tratamento psicológico e espiritual do paciente. Eles não devem ser combatidos, pois são prescritos
visando o alívio e não a cura. Processos obsessivos não se curam com medicação, mas com transformação do encarnado e do desencarnado.
Questão 30
Como vermos a questão da afinidade e sintonia mediúnica na visão psicológica? O médium e o espírito comunicante devem possuir os mesmos sentimentos e emoções para dar certo?
Resposta:
Os mesmos sentimentos e as mesmas emoções são extremamente difíceis.
A mediunidade requer sintonia entre mentes que se encontram em dimensões diferentes. Esta sintonia significa idêntica freqüência vibratória, portanto está relacionado a fluidos. Um espírito poderá se comunicar através de um médium cujas emoções estejam em descompasso com as dele. A ocorrência da mediunidade está relacionada com o perispírito e não com o estado psíquico do indivíduo. O estado psíquico interferirá na qualidade da produção mediúnica.
Questão 31
Gostaria de saber se os sonhos têm alguma relação com a mediunidade.
Resposta:
Os sonhos com mortos estão relacionados com mediunidade. Eles apresentam, de forma simbólica, um recorte da psiquê, visando compensar tensões inconscientes. Mesmo quando refletem as ocupações do espírito durante o sono, apresentam aspectos simbólicos. A mediunidade é uma faculdade perispiritual que permite a conexão entre mentes que se encontram em dimensões distintas.
Questão 32
Dos livros de Ramatis, há muita influência do médium? Como saber se Ramatis é uma criação do médium ou se o espírito é quem diz ser? Há algum estudo sobre isso?
Resposta: Não conheço estudos sobre Ramatis. Em todas as comunicações
mediúnicas há influências da mente do médium. Tais influências nem sempre decorrem da intenção do médium, pois o espírito, à sua revelia, utilizará de conteúdos anímicos para a produção intelectual que pretende. O fenômeno anímico anda lado a lado com o mediúnico de efeitos intelectuais..
Questão 33
Gostaríamos de saber o que é psiquismo, considerando-se os postulados e ensinamentos da revelação espírita. Existe diferença entre psiquismo e mente?
Resposta:
Psiquismo, mente e psiquê são a mesma coisa. São distintos nomes para o aparelho psíquico, órgão funcional do perispírito para as diversas funções do Espírito.
O psiquismo é um veículo de manifestação do espírita, que se presta a aquisição dos paradigmas das leis de Deus. Através do psiquismo, que evolui com o Espírito, ele vive as experiências na carne a fora dela.
..espero que tenham gostado tanto quanto eu gostei de
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