quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Lendo


Texto retirado do Livro Luz Da Esperança

 Tumultos

      Há demasiado tumulto no mundo.
      Explosões destruidoras, sibilar de mísseis em experiências macabras, troar de canhões da morte e matraquear de armas outras de aniquilamento.
     Multiplicam-se as vozes do desespero, que se misturam à parafernália das comunicações de massa, consumindo aspirações e consumidas com avidez pelos tumultuados.
     As dores gemem e os gritos espocam nas bocas da alucinação, mesclados com o aturdimento da violência e da tragédia, em coro de patética aterradora.
     A música desenfreada, em ritmo selvagem, compete com os motores que produzem sons elevados decibéis ensurdecedores.
     Buzinas e rajadas de ar produzidas pela velocidade de veículos em disparada, confundindo-se com mercadores apressados e projetores de som, poluindo o meio e desarticulando as construções do equilíbrio.

 
Há, também, de outra forma, tumultos que respondem pelos agressivos apelos e ameaças exteriores.
     São os que procedem do mundo íntimo do homem insatisfeito dos nossos dias.
     O medo e a dúvida, a insensatez e a malícia produzem balbúrdia nas paisagens mentais, dando campo aos destrambelhos externos.
     O ciúme e a ambição, a cólera e o despeito, desajustando as engrenagens emocionais, fazem que o homem se arroje na volúpia da zoada de fora, porque perturbado em si mesmo.
    A mágoa e a revolta, a maledicência e a rivalidade, procedendo da instabilidade moral, confundem as aspirações do ser e arrojam-no nessa batalha, que o implode e fá-lo explodir por nonadas.


Há muito tumulto íntimo no homem.
      Desacostumado ao silêncio interior, fruto da educação mental e moral, busca lugares desérticos e paisagens calmas, para logo retornar aos complexos mecanismos da máquina bulhenta da Tecnologia e do poder.
     O silêncio íntimo resulta do perfeito entendimento das leis de Deus e da sua aplicação correta no dia-a-dia da existência.

         
      Busca o monte da oração, quando o tumulto de dentro estiver competindo com o exterior, e faze silêncio, deixando-te luarizar pela blandícia da comunhão com Deus.
     Aí restaurarás as energias e encontrarás forças para enfrentar novos embates, sem que te perturbes no tumulto geral.
    Antídoto para a algazarra e o atropelamento geral que domina as pessoas, é o recolhimento íntimo, agindo com reflexão e vencendo a tentação de deixar-se tumultuar também.
  
                                                                              Joanna  de Ángelis
 
 


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