Texto retirado do Livro
Luz Da Esperança
Tumultos
Há demasiado tumulto no mundo.
Explosões destruidoras, sibilar de
mísseis em experiências macabras, troar de canhões da morte e matraquear de
armas outras de aniquilamento.
Multiplicam-se as vozes do desespero, que
se misturam à parafernália das comunicações de massa, consumindo aspirações e
consumidas com avidez pelos tumultuados.
As dores gemem e os gritos espocam nas
bocas da alucinação, mesclados com o aturdimento da violência e da tragédia, em
coro de patética aterradora.
A música desenfreada, em ritmo selvagem,
compete com os motores que produzem sons elevados decibéis ensurdecedores.
Buzinas e rajadas de ar produzidas pela
velocidade de veículos em disparada, confundindo-se com mercadores apressados e
projetores de som, poluindo o meio e desarticulando as construções do
equilíbrio.
Há, também,
de outra forma, tumultos que respondem pelos agressivos apelos e ameaças
exteriores.
São os que procedem do mundo íntimo do
homem insatisfeito dos nossos dias.
O medo e a dúvida, a insensatez e a
malícia produzem balbúrdia nas paisagens mentais, dando campo aos destrambelhos
externos.
O ciúme e a ambição, a cólera e o
despeito, desajustando as engrenagens emocionais, fazem que o homem se arroje
na volúpia da zoada de fora, porque perturbado em si mesmo.
A mágoa e a revolta, a maledicência e a
rivalidade, procedendo da instabilidade moral, confundem as aspirações do ser e
arrojam-no nessa batalha, que o implode e fá-lo explodir por nonadas.
Há muito
tumulto íntimo no homem.
Desacostumado ao silêncio interior, fruto
da educação mental e moral, busca lugares desérticos e paisagens calmas, para
logo retornar aos complexos mecanismos da máquina bulhenta da Tecnologia e do
poder.
O silêncio íntimo resulta do perfeito
entendimento das leis de Deus e da sua aplicação correta no dia-a-dia da
existência.
Busca o monte da oração, quando o tumulto de
dentro estiver competindo com o exterior, e faze silêncio, deixando-te luarizar
pela blandícia da comunhão com Deus.
Aí restaurarás as energias e encontrarás
forças para enfrentar novos embates, sem que te perturbes no tumulto geral.
Antídoto para a algazarra e o atropelamento
geral que domina as pessoas, é o recolhimento íntimo, agindo com reflexão e
vencendo a tentação de deixar-se tumultuar também.
Joanna de Ángelis