Orvalho: Vapor atmosférico que
se condensa e depõe em gotinhas durante a noite, sob a forma de gotículas muito
finas, sobre a vegetação de certos corpos expostos ao ar livre; diz-se também rocio, ou aljofre.
Sereno. Uma neblina que geralmente aparece no início da noite e desaparece no inicio
do dia.
Chuva muito miúda.
Chuva muito miúda.
É sob a visão que também é
cristalina que percepcionamos o fenómeno de beleza muito suave muito bonita.
Felizmente desde que existem as
fotografias esse fenómeno passou a ser visto em registo a qualquer hora do dia
e a minha intenção hoje é partilhar essa visão.
Deve de haver muita literatura
que retrata este fenómeno eu apenas me deparei com dois; esse que acabei de
postar e que vou colocar a seguir…é para
filosofar.
Não observou a lua
Na calma da madrugada
Nem viu o quebrar da barra
Escutando a passarada
Bem hoje encontrei mais esse poema
JÁ, SEU MOÇO?
Você já andou, seu
moço
Descalço, com os pés no chão
Numa vereda orvalhada
Nas serras do meu sertão?
Descalço, com os pés no chão
Numa vereda orvalhada
Nas serras do meu sertão?
Você já sentiu, seu
moço
Cheiro de terra molhada
Tomou banho de riacho
Depois de uma enxurrada?
Cheiro de terra molhada
Tomou banho de riacho
Depois de uma enxurrada?
Você já saiu, seu moço
De casa na madrugada
Pra ficar olhando a lua
Fazer uma caminhada?
De casa na madrugada
Pra ficar olhando a lua
Fazer uma caminhada?
Você já assistiu, seu
moço
O romper da alvorada
Sentindo a brisa no rosto
Escutando a passarada?
O romper da alvorada
Sentindo a brisa no rosto
Escutando a passarada?
Se você nunca andou
Numa vereda orvalhada
E se também não sentiu
Cheiro de terra molhada
Numa vereda orvalhada
E se também não sentiu
Cheiro de terra molhada
Não observou a lua
Na calma da madrugada
Nem viu o quebrar da barra
Escutando a passarada
Eu
sinto muito, seu moço
Mas você não viveu nada
Mas você não viveu nada
Chico
Calda
Aqui vai mais um poema aonde se aborda a ideia de orvalho
MULHER
Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.
.Animais sonâmbulos,
dormem nos rios, na raiz do pão.
dormem nos rios, na raiz do pão.
. Na vulva sombria
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.
. Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.
negro do frio.
.Longamente bebem
o silencio
nas próprias mãos.
o silencio
nas próprias mãos.
.
O olhar
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.
.
Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.
a escutar
os passos do crepúsculo.
.
Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.
para entrarem
nas águas da sombra.
.
É quando dançam que todos
os caminhos
levam ao mar.
levam ao mar.
.
São elas que fabricam o
mel,
o aroma do luar,
o branco da rosa.
o aroma do luar,
o branco da rosa.
.
Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.
Desprendem-se
para serem orvalho.
.
Eugénio de Andrade
Muita paz/
Sem comentários:
Enviar um comentário