sexta-feira, 31 de maio de 2013

Borboleta

                                                        a única certeza que temos é o esforço despendido.
 
 
 
Sei que ainda estou aprendendo todas essas lições de que falo neste blog mas mesmo assim partilhei-as.

Obrigada pela visita.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Maternidade

Maternidade


 
     Já se aperceberam que esta palavra está ligada a outras ideias que a completam como, mater - eternidade - idade, por exemplo. Entrar nesse diálogo filosófico seria como fazer uma melodia interminável e aprazível.
      Ser mãe é algo tão poderoso e ao mesmo tempo que nos leva a essa tal de humildade...aliás eu pergunto se na espiral da vida humana esta não será uma das melhores formas de experiênciá-la. Junto com a maternidade vem a solidariedade, a compaixão, gratidão, a alegria de tantas pessoas e até a rendição de quem tem de aceitar o nascimento de um bébé, de um novo ser.
       Que importa se uma mulher mãe, nega seu filho(s), se é doente, se perdeu uma oportunidade de abrir-se ao amor maior.....Se por ser doente não pode fazer as coisas certas; ela é e será sempre a razão da existência de uma vida nova. Vida essa que ninguém sabe ao que veio e no que se tornará e como alguém escreveu e bem « Um filho é uma pergunta que fazemos ao destino» J. M. Peman , só o tempo o dirá. E destinos, eles são tantos e há-os de todas as naturezas e possibilidades....
      Hoje trago à janela do meu blog uma passagem de um livro de José Mauro Vasconcelos, Meu Pé de Laranja Lima, pequeno trecho que fala de uma das capacidades de uma mulher-mãe cujo amor- doação, supera com sacrifícios a precariedade da vida, rendendo-se à alegria que pode proporcionar a um filho em idade escolar. Este livro tem uma narrativa que trabalha para a nossa humanização e em que a personagem principal, é uma criança precoce e sensível de nome Zezé.







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E todos os dias fui tomando gosto pelas aulas e me aplicando cada vez mais. Nunca viera uma queixa contra mim de lá. Glória dizia que eu deixava o meu diabinho guardado na gaveta e virava outro menino.

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O segredo ia acontecer de noite e meu coração quase saía do peito de ansiedade. Custou a Fábrica apitar e o povo passar. Os dias de verão demoravam a carregar a noite. Até a hora da comida não chegava. Fiquei no portão vendo as coisas sem ideia de cobra nem nada. Fiquei sentadinho esperando Mamãe. Até Jandira estranhou e perguntou se eu estava com dor de barriga por ter comido fruta verde.                                                                                                                                                       O vulto de Mamãe apareceu na esquina. Era ela. Ninguém no mundo se parecia com ela. Levantei de pulo e corri. _ A bênção, Mamãe. Beijei a mão dela. Até na rua mal iluminada eu via que o rosto dela estava cansado. - Trabalhou muito hoje, Mamãe? - Muito, meu filho. Fazia um calor dentro do tear que ninguém aguentava. - Me dê a sacola; a senhora está cansada. Comecei a carregar a sacola com a marmita vazia dentro. - Muita arte hoje? - Pouquinho, Mamãe. - Porque você veio me esperar? - Ela estava adivinhando. - Mamãe, a senhora gosta pelo menos um bocadinho de mim? - Gosto de você como gosto dos outros. Por quê? - Mamãe, a senhora conhece o Nardinho? Aquele que é sobrinho da Pata Choca? Ela riu. - Me lembro. - Sabe, Mamãe. A mãe dele fez um terninho para ele, lindo. É verde com risquinha branca. Tem um coletinho que abotoa no pescoço. Mas ficou pequeno pra ele. E ele não tem irmão pequeno pra aproveitar. E ele disse que queria vender...A senhora compra? - Ih! meu filho! As coisas estão tão difíceis! - Mas ele vende de duas vezes. E não é caro. Não paga o feitio. Estava repetindo as frases de Jacob prestamista. Ela guardava silêncio, fazendo contas. - Mamãe eu estou sendo o aluno mais estudioso da minha aula. A professora diz que vou ganhar distinção...Compre, Mamãe. Eu não tenho uma roupinha nova faz muito tempo... Mas o silêncio dela chegava até a angustiar. - Olhe, Mamãe, se não for esse, nunca vou ter minha roupa de poeta. Lalá faz uma gravata assim de laço grande de um pedaço de seda que ela tem... - Está bem, meu filho. Eu vou fazer uma semana de serão e compro a sua roupinha. Aí eu beijei a mão dela e fui andando encostando o rosto em sua mão até dentro de casa.
 

Foi assim que eu ganhei minha roupa de poeta. Fiquei tão lindo que Tio Edmundo me levou para tirar um retrato.



 
Se puder; - Tenha um Bom dia da mãe.
 
Peço desculpa por não ter conseguido editar o texto como ele devia aparecer, isto é como foi impresso no livro.